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ÍCONE DO XADREZ GUAXUPEANO: VINÍCIUS ALENCAR DE CARVALHO

Publicado terça, 15 de setembro de 2020





Forte jogador de xadrez, reconhecido como servidor do Judiciário, pai de três filhos, 41 anos, este é Vinícius Alencar de Carvalho, nosso entrevistado da semana na Coluna de Xadrez.

Vinicius além de participar de vários torneios de xadrez da região apoia o desenvolvimento da modalidade ensinando jovens e coordenando projetos que incentivam a prática enxadrística.

Acompanhem a entrevista até o final e viagem na malha espaço tempo que o xadrez nos permite trilhar!

 

-Vinicius, como você conheceu o Xadrez?

Quando adolescente ouvia falar muito sobre o xadrez e li um livro chamado “Se houver amanhã”, de Sidney Sheldon, onde a personagem principal jogava xadrez com dois grandes jogadores em um navio, mas que na verdade era uma trapaceira pois jogava com os dois ao mesmo tempo, mas fazendo as jogadas que um fazia com ela no tabuleiro do outro.

Comentando este livro com Adriano Carvalho, um amigo de escola, este me disse que sabia jogar xadrez e se propôs a me ensinar.

Em 1995, quando aprendi a prática do xadrez, jogava apenas com Adriano e outros amigos de escola e alguns familiares, pois não tinha contato com outros adeptos. Foi quando Adriano conheceu João Carlos da Costa e posteriormente me apresentou.

João Carlos começou a frequentar minha casa e a me treinar. Muitas vezes íamos ao famoso "clubinho" para desenvolver o jogo e com o passar do tempo passei a participar de torneios municipais.

 

-Qual foi o seu primeiro Torneio de Xadrez?

Em julho de 1996 participei de um Aberto Regional aqui em Guaxupé, no Poliesportivo, com vários jogadores fortes: MN Gerson Peres, Jair Domingues e Erlon Braguini, dentre vários outros. O jogador mais forte do torneio ( chamamos no xadrez de Jogador número 1) Jhony Cueto foi meu primeiro confronto na história e minha primeira derrota, perdi em 11 lances (risos).

 

-Agora uma pergunta complexa. De forma qualitativa e quantitativa, qual a melhor época do Xadrez em Guaxupé?

É difícil fazer este cálculo. Mas hoje temos mais jogadores com potencial. Antes tínhamos poucos jogadores despontando entre os melhores e um segundo grupo um pouco abaixo, o terceiro "pelotão" estava muito distante. Hoje temos alguns jogadores de primeiro escalão mas com muitos jogadores próximos e o terceiro pelotão  tem um nível bem legal de jogo, possivelmente os dois primeiros grupos já não dá pra contar nos dedos das mãos.

 

-Qual foi o torneio mais expressivo de que participou?

O torneio com maior projeção de que participei foi a Copa Brasil-Etapa Sudeste em São Paulo-SP, pois era uma competição oficial de nível federal. Mas joguei em vários outros importantes eventos, inclusive uma classificatória para Semi-Final de Campeonato Mineiro aqui em Guaxupé.

 

-Com o nosso presente afetado pela parada devido a pandemia, como o Xadrez atual está se desenvolvendo?

O momento para o xadrez é positivo, as ferramentas tecnológicas fizeram do jogo um esporte praticável e treinável a distância. O próprio campeão mundial atual, Magnus Carlsen, desde o começo de carreira, utiliza da tecnologia para treinos e tem muitos outros jogadores hoje com qualidade incrível, certamente com auxílio da tecnologia.

O xadrez tornou-se então uma alternativa durante a quarentena para quem quer aprender ou evoluir. Nosso xadrez guaxupeano, por exemplo, melhorou seu nível devido a esta pausa. Os mais jovens, principalmente, porque conseguiram treinar com ajuda de aplicativos, programas e vídeos aulas online.

 

-Você já presenciou ou já sofreu preconceito no Xadrez?

O xadrez foi um dos espaços em que convivi onde não sofri preconceito ou capacitismo.

Na minha opinião, o xadrez é o esporte mais inclusivo que existe, pois nele podem jogar em um mesmo torneio deficientes físicos, deficientes auditivos, deficientes visuais, alguns casos de deficientes intelectuais e todos são aceitos independente de sexo, raça, faixa etária e classe financeira. Em nosso último Campeonato guaxupeano, tínhamos casos de jogadoras de 9 anos enfrentando senhores de mais de 50, isso é socialização.

O meio enxadrístico tem um ambiente de pessoas educadas onde vigora o respeito. São pouquíssimos casos onde um jogador foi mal educado ou trapaceou. Podemos dizer que é exceção à regra. Inclusive, antes de uma partida o árbitro diz:"cumprimente seu adversário e acione o relógio, ou seja, faz parte da modalidade a cordialidade e após a partida é comum vencedor e derrotado comentarem seus lances e debaterem algumas posições no tabuleiro. Isso é raro em outras modalidades.

 

-Você como pai e incentivador da modalidade, como tem atuado no xadrez guaxupeano e qual o futuro em Guaxupé?

Meu filho, Martim Estevão, desde seu primeiro ano de vida brincava com as peças de xadrez correndo pela casa com elas em mãos e logo aprendeu a falar o nome das peças do jogo. Com 3 anos já sabia jogar, ao menos montar o tabuleiro e movimentar as peças. Com 5 anos já conseguia dar um xeque-mate básico . Com a inclusão do xadrez na escola onde Martim estudava na época ficou mais fácil motivá-lo a praticar.

Heitor que mora perto da minha casa e que jogava futebol com Martim aos poucos sentiu interesse em aprender assim como seus amigos, Jhony e Wesley.

Em 2017 com essa "meninada" formamos um clube chamado Clube de Xadrez dos Capivaras, só entre nós mesmos. Eu gostei da ideia pois agora tinha com quem jogar novamente e treinar. O projeto nunca foi treiná-los de forma formal, mas sim de incentivá-los e motivá-los a buscar mais conteúdo.

Eu mesmo não tenho interesse em ser o melhor da minha modalidade, mas quero continuar a incentivar os jovens que se interessarem pelo xadrez, incluindo meus filhos, lógico. Creio que temos um futuro brilhante pois temos o apoio de muitas pessoas no meio enxadrístico da cidade. Os jovens por sua vez estão mais interessados e não são egoístas, pois repassam seu conhecimento para os menos experientes ainda.

 

-Qual o recado para os interessados no Xadrez?

O xadrez como já mencionado é inclusivo, e trabalha na socialização das pessoas, é um esporte barato para jogadores que querem apenas jogar de forma amadora, se divertir, dá para fazer até tabuleiro e peças de papel, então não há desculpas para não praticar. Devemos, portanto, olhar para o xadrez como um formador de cidadãos e perceber que dá sim para ter em nossa cidade jogadores de qualidade e torneios bons , como vimos tendo nos últimos anos.

Esta foi a entrevista da semana com Vinicius Alencar de Carvalho, um dos melhores jogadores de xadrez da cidade e um dos melhores enxadristas entre os Deficientes Visuais do país!

 

Acompanhe uma outra parte (Causos de Xadrez) da entrevista no Youtube no link: https://www.youtube.com/watch?v=v-43XSj3T5c

 


COLUNISTA
Alan Marks é formado em Educação Física UNIFEG, Instrutor e Treinador de Xadrez-CXOL, Coordenador LEX Liga Brasil, Professor-Colégio Objetivo Instrutor de Xadrez-Escola Coronel e PHD


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