Até qualquer dia, menininho...

Publicado quinta, 09 de novembro de 2023

E lá se foi mais um amigo da família, da profissão...um incentivador, um batalhador da imprensa e da advocacia guaxupeana.

Que tristeza foi receber a notícia da sua morte hoje pela manhã, Waldemir.

Ainda estou com os livros que comprei pra te levar e até um combo de caça-palavras que você sempre gostou de fazer e que pensei: ahhh quem sabe ele anima!

Mas te ver tão depressivo como estava, com a perda do seu irmão Messias, me senti impotente para poder te ajudar e pedi a Deus que lhe confortasse e tirasse a dor do seu coração.

Sei que desde a morte do meu pai tivemos outras perdas muito significativas para nossa TURMA DO CORREIO SUDOESTE: o Zé Lázaro, o Marquinho e, eram pessoas que tinham enorme valor para você e fizeram falta e, ainda fazem.

Sua história no Correio Sudoeste está marcada nas muitas páginas que ajudou a escrever. Colunas Sociais, encontros, eventos...notícias da justiça, política e tantas outras.

Você foi um braço direito do meu pai por muitos e muitos anos. Chegou a morar na sede do jornal, em um espaço onde abrigou tantas pessoas boas que passaram por lá. (No fundo acho que aquele ‘cantinho’ foi construído com esse propósito).

Acompanhou nossa mudança de jornal feito manualmente por computadores. Que luta foi, hein! Quantos arquivos de textos perdidos depois de prontos, deletados, excluídos...de madrugada, quando não tinha ninguém pra ajudar! São muitas histórias...

Quando começamos a publicar fotos no jornal, não havia memória que aguentasse e nem páginas suficientes para comportar! Era muito engraçado... você queria que todos saíssem no jornal e o Paulinho, nosso diagramador, tinha que ‘espremer’ as fotos. E fazia um sucesso danado com os leitores suas coberturas sociais.

Mas quem vivia ali no seu dia a dia, éramos nós, a família e os funcionários. Meu pai se preocupava com você diariamente. Você foi mais que um amigo para ele e para todos do CORREIO SUDOESTE.

Muitas vezes, por ter que usar aqueles óculos grossos, sofreu humilhações e preconceito. Mas por trás daquelas lentes estava um homem muito honesto, justo e batalhador. De uma inteligência pouco conhecida. Também tinha uma doença na perna muito grave, raríssima, que lhe impedia de ir onde queria. E mesmo assim foi abençoado não pela cura, mas por ter mantido a saúde e ter um pouco de qualidade de vida. (Médicos estudavam este caso raro principalmente por não apresentar dores terríveis como em outros pacientes).

Mesmo advogando, não teve ascensão financeira de tanto ajudar pessoas com promessas de ‘depois eu pago’. Foi mais trabalho voluntário que interesse econômico. E isso todos nós presenciamos.

Quem aí não teve o nome esquecido e foi chamado de “menininho, menininha”? Eu ainda falava... Waldemir, como que você chama uma autoridade assim? E você respondia: ah...eles nem ligam, menininha!

Sou muito grata a Deus por sua passagem na história do CORREIO SUDOESTE e na minha vida.

Quisera ter feito mais por você...mas sei que era um dos mais visitados no Lar São Vicente.

Por falar nisso, ainda lembro quando me ligou pra dizer que estava se mudando para lá, para saber minha opinião. E falei que seria muito bom porque seria bem tratado, teria companhia, teria cuidados médicos e assim foi. Chegou a fazer tantas fotos lá que dava um jornal, hein amigo! Conseguiu se livrar dos óculos grossos, a perna nunca mais voltou a machucar, teve a companhia de seu irmão por uns tempos até que ele lhe faltou e a dor te consumiu.

Eu ficaria horas aqui escrevendo sua história que se funde com a história do jornal.

Procurei uma foto nossa, mas acho que nunca tiramos!

Fique em paz, querido amigo. Obrigada por tudo o que fez por mim, pela minha família, pelo jornal e pela cidade de Guaxupé.

Só quem compartilhou a vida ao seu lado sabe das batalhas que enfrentou e foi um vencedor.

Deus te dê o merecido descanso!

Lucinéia Vieira