Publicado quarta, 24 de setembro de 2025
A dúvida é comum entre pais: “Se meu filho não fala, será que colocá-lo na escola vai ajudar ou prejudicar?”. Segundo especialistas, quando há atenção aos sinais e estratégias de estímulo, a escola pode ser uma forte aliada no avanço da fala e da comunicação.
A fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, especialista em atraso de fala infantil, explica que o convívio com outras crianças favorece a socialização e cria oportunidades para que a linguagem se desenvolva. “Muitas vezes é na escola que os primeiros sinais de atraso ficam claros. Os professores percebem quando a criança não interage verbalmente, usa poucas palavras ou não compreende instruções simples — e isso é um passo importante para encaminhar a avaliação e iniciar intervenções”, destaca.
Entre os comportamentos que merecem atenção estão: ausência de frases simples até os 3 anos, vocabulário muito restrito, dificuldade em manter conversas, pouca compreensão de ordens e frustração frequente ao tentar se comunicar.
Para a neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi, o mais importante é que a escola adote uma postura acolhedora e técnica. “O atraso de fala não significa que a criança não aprenda. Muitas têm ótimo desempenho cognitivo, mas precisam de apoio para se expressar. Quando a escola oferece mediação adequada, o ambiente se torna estimulante e favorece o progresso da linguagem”, afirma.
Silvia alerta que, sem a devida compreensão, o atraso de fala pode levar ao isolamento social ou a comportamentos que, por vezes, são confundidos com indisciplina. “A escuta qualificada evita rótulos e garante que a criança seja incluída, respeitada e incentivada a participar das atividades”, complementa.
Angelika reforça que o papel do professor não é diagnosticar, mas observar e estimular. “Cada criança tem seu ritmo, mas existem marcos esperados. Se eles não são atingidos, o caminho mais seguro é orientar a família a buscar avaliação com um fonoaudiólogo”, orienta.
As especialistas ressaltam que a colaboração entre família, escola e profissionais de saúde potencializa os resultados. Recursos como figuras visuais, rotinas bem estruturadas, jogos de linguagem e momentos de escuta ativa são ferramentas poderosas para estimular a comunicação.
“A escola, quando preparada, é um espaço riquíssimo de estímulo. Com atenção e parceria, ela pode acelerar o desenvolvimento da fala e transformar o aprendizado em uma experiência positiva e inclusiva”, conclui Silvia.
Angelika dos Santos Scheifer
Fonoaudióloga, pós-graduada em Avaliação e Reabilitação em Motricidade Orofacial e Distúrbios de Fala e Linguagem, formação avançada em PECS, formação em laserterapia para clínica fonoaudiológica e aprimoração em ação fonoaudiológica no TEA. Produtora de conteúdo digital para promoção de saúde em fala e linguagem. Atua em atendimento clínico e em treinamento familiar para o desenvolvimento da fala infantil, com consultas presencial e online para todo o Brasil.
Silvia Kelly Bosi
Cientista e neuropsicopedagoga, graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com especializações em Autismo, Desenvolvimento Infantil, Análise do Comportamento, Neurociências e Neuroaprendizagem. Certificada internacionalmente pelo CBI of Miami em Desenvolvimento Infantil e Avaliação Comportamental. Mestranda em Atenção Precoce pela Universidad del Atlántico (Espanha) e Perita Judicial certificada pela PUC-Rio. Atua com foco em avaliação neuropsicopedagógica e intervenção nos contextos clínico e educacional.